sábado, 9 de julho de 2011

Julgando a vida


Essa é mais uma daquelas histórias, que acontecem sem ninguém saber que aconteceu, até algum fulano cochichar no ouvido de quem escreveu.
Um belo dia, a vida passando a sua correspondência, encontra uma intimação, terá que comparecer ao tribunal, pois, está sendo processada pelo coração.
Mesmo a vida, que é cheia de surpresas, não esperava por essas, contatou de imediato sua advogada, a razão.
Na data marcada, se apresentou ao S.T.C.I (Superior Tribunal de Causas Imaginárias) como júri completo, por mentira, perdão, ódio, inocência, horror e saudade, presidido pelo excelentíssimo juiz de todas as causas: o tempo.
O desejo foi chamado para participar do júri, mas ele tinha uma idéia diferente para resolver o problema, e por desacato, foi substituído pela inocência.
Então começa o julgamento, primeiro pela parte queixante, o coração, que acusa a vida, alegando maus tratos, sendo representado pela sua advogada: a verdade.
A verdade começa, interrogando a vida:
- É verdade que o coração anda meio dolorido, se sentindo quase partido?
- Sim, mas...
- Sem mais perguntas. Diz a verdade encerrando.
A defesa inicia interrogando o coração. Razão:
- A vida já te proporcionou muitas coisas boas?
Coração: - Sim, é verdade.
Razão: - A vida já te fez bater forte por alguém a ponto de quase sair pela garganta de tanta felicidade e euforia?
Coração: - Sim, mas...
- Sem mais perguntas. Diz encerrando a razão.
O tempo para. Para pensar, enquanto o júri discute.
A paixão não foi com a cara da razão.
A mentira disseque não conseguiu ouvir nada, estava com dor de barriga e que não poderia ir á escola amanhã.
O perdão acha que que tudo isso, pode ser resolvido com um forte abraço, e que ainda vão rir de tudo isso.
O ódio, por sua vez, se irritou com tudo e todos, disse que todo mundo deveria ir preso e ponto final.
A inocência, não via nenhum mal feito pela vida e pra ela o coração nem parecia tão mal assim.
O horror gritou assustado, dizendo que tudo isso viraria tragédia (a sogra dele!!).
A saudade só disse que gostaria de voltar aos momentos bons, com a permissão do merentíssimo tempo, é claro.
Nessa hora, o horror grita, dizendo que o tempo já começou a se mexer, e o julgamento continuaria.
E assim foi feito, mas cada argumento da acusação era equivalente ao da defesa, fazendo uma igualdade.
Vendo que nada ali saia do lugar, o tempo pediu ao júri, um veredito e o júri, por sua vez, com toda certeza, disse que estava confuso e incerto de uma resposta.
Foi bem neste momento que pela porta, se adentra o amor.
Que até então não se pronunciou, pois sabia que também tinha culpa presente ali no cartório.
O amor pediu para ser ouvido, e assim foi feito: - a vida não tem toda culpa pelas dores do coração, afinal, ela também trás alegrias,o coração tem que entender que a vida acaba sendo, ás vezes, um professor rígido, mas eficaz.
E o tribunal, júri e juiz foram especialmente escolhidos, pois já era de se esperar que sentimentos espremidos dentro de um júri, não entrassem em acordo.
Assim como somente o tempo poderia entender a verdade nas queixas de um coração e a razão que a vida tem para ser imprevisível.
Quase todos no tribunal ficaram felizes e satisfeitos, o tempo bate o martelo e caso encerrado.
A inocência saiu dizendo que sabia que não havia nenhum culpado.
O ódio saiu gritando e dizendo que a justiça, ali não estava! Gritou tanto, mas tanto, que ficou sem voz e todos do tribunal, inclusive o coração e o amor, não conseguiram e nem conseguem ouvir a voz do ódio, um cochicho talvez.
E é isso que eu desejo a você, caro leitor.
Que a voz do ódio não ecoe no seu coração.
Na vida não se pode viver de lembranças.
Mesmo que em um momento a vida machuque um pouco seu coração, de verdade, dê um tempo, pois, a vida tem suas razões e o amor sempre tem resposta.
Deixe ele falar ao seu coração, que viver ficará mais feliz, prazeroso e fácil.

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